“Economia brasileira vai sair da recessão, mas vai continuar semiestagnada”, afirma Bresser-Pereira
O governo do presidente Michel Temer não vai conseguir implementar todas as reformas propostas e vai “empurrar com a barriga” os problemas da economia, afirmou Luiz Carlos Bresser-Pereira, coordenador do 13º Fórum de Economia da FGV/EESP. Na avaliação do ex-ministro, o governo atual está sob enorme pressão, tanto da direita quanto da esquerda no Congresso, e por isso deverá ter dificuldades importantes em implementar os planos apresentados. Segundo ele, como resultado disso, nos próximos meses, a economia brasileira vai conseguir sair da recessão, “mas vai continuar semiestagnada, como está desde 1981”.
O ex-ministro afirmou que o país passa por “uma grande recessão e estagnação de longo prazo, mas a recessão é cíclica”, relacionada às relações de troca, que sofrem variações enormes fundamentalmente em função dos preços das commodities. Referindo-se às propostas de limite do aumento do gasto público e da prevalência de acordos trabalhistas sobre a legislação, Bresser-Pereira disse: “A rigor, não acredito que nenhuma das duas vá acontecer porque vão muito profundamente contra valores e avanços da sociedade brasileira”.
Ele criticou, ainda, a visão de que a crise é estrutural. “O diagnóstico de que temos uma crise fiscal estrutural não é verdadeiro, a não ser pela Previdência”, disse, completando que recentemente, os economistas de visão liberal ganharam força. “Os economistas liberais, que estavam calados até 2012, em 2013 recuperaram a voz e, aproveitando recessão conjuntural, resolveram que o Brasil precisa fazer reformas profundas”, afirmou o ex-ministro.
Durante o evento, que acontece em São Paulo nesta segunda-feira (12/09), Bresser-Pereira criticou também a PEC que estipula o teto de gastos, afirmando que a regra proposta significa “a redução do tamanho do Estado às custas da educação e da saúde. “A regra do teto é uma forma de desmontar o estado de bem-estar social (…). É uma regra absurda”, afirmou para emendar logo em seguida: “Não tenho dúvida de que o país precisa de uma regra fiscal, porque é fundamental que se mantenha um equilíbrio nas contas públicas, mas o que está se propondo não é isso”. Segundo ele, seria melhor estabelecer uma porcentagem de aumento da despesa pública total sobre o PIB.
Ele voltou a dizer que a apreciação da taxa de câmbio tornou as indústrias brasileiras pouco competitivas, o que levou à queda brusca na taxa de lucro das empresas. Com isso, empresas e famílias se endividaram, piorando o quadro da economia brasileira. A isso se seguiu uma “política fiscal equivocada pelo governo [da presidente afastada Dilma Rousseff] e a perda de confiança do governo. Para recuperar a confiança, ela chama o [Joaquim] Levy [para o ministério da Fazenda], que fez uma política fiscal pró-cíclica, e os problemas se agravaram fortemente”, afirmou Bresser-Pereira. Ele ressaltou, ainda, que não houve uma crise de balanço de pagamentos.
Reportagem Original: http://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2016/09/economia-brasileira-vai-sair-da-recessao-mas-vai-continuar-semiestagnada-afirma-bresser-pereira.html
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