Agrishow registra queda histórica de 30% no volume de negócios

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As entidades realizadoras da Agrishow anunciaram nesta sexta-feira (1º) que a edição de 2015 de uma das maiores feiras do agronegócio da América Latina terminou com uma queda de 30% no volume de negócios em relação a 2014. A prévia é de que, durante os cinco dias do evento realizado em Ribeirão Preto (SP), as empresas acordaram ao todo R$ 1,9 bilhão em vendas, contra R$ 2,7 bilhões registrados na feira do ano passado.

Acompanhado de críticas à demora em anunciar o Plano Safra 2015/2016, o anúncio “dramático”, como foi classificado pelo presidente de honra da feira, Maurílio Biagi Filho, é o primeiro balanço negativo da Agrishow nos 22 anos de sua realização. Antes do início, a expectativa era de que, diante do número quase semelhante de expositores e da previsão inicial de 160 mil pessoas, os negócios aos menos se igualassem aos de 2014.

Os organizadores atribuíram a queda nos números à incerteza entre os compradores, diante da demora no anúncio do Plano Safra 2015/2016 e também à alta taxa de juros. O saldo estimado para este ano é o menor desde 2012.

“Pela primeira vez em 22 edições, a Agrishow, que é a maior feira de agronegócios da América Latina, estima queda no volume em relação ao ano anterior. De acordo com as entidades realizadoras, a alta dos juros e a incerteza política e econômica que ocorre no nosso país foram as principais responsáveis pela grande queda na realização de negócios”, afirmou, em coletiva de imprensa, o presidente da Agrishow, Fábio Meirelles.

A elevação dos juros de financiamento, como por exemplo de 4,5% para 7,5% no programa de modernização da frota agrícola (Moderfrota), em meio ao atual plano de incentivo do setor, gerou desconfiança, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza. De acordo com ele, isso aconteceu diante da expectativa de baixa da inflação, a índices inferiores dos juros, para o ano que vem.

“Historicamente todas as condições do Plano Safra ficavam intocadas durante todo o ano. Essa foi a primeira vez que no meio do jogo, em março deste ano, foi anunciada uma mudança na taxa de juros. Além disso temos incerteza de que condições serão anunciadas em 19 de maio, inclusive a própria demora em dar sinalização nos preocupa muitíssimo e preocupa os investidores, que lotaram a feira, mas compraram muito menos”, disse.

Segundo Meirelles, a única esperança é de que o anúncio do Plano Safra pelo Ministério da Agricultura corrija erros cometidos pelo governo que afetam cadeia produtiva.

“O Brasil vive hoje uma crise de confiança generalizada e sentida também pelo produtor rural. (…) Ele fica com o risco de poder fazer uma aplicabilidade, porque o governo não assumiu ainda a responsabilidade de fazer uma política adequada para a agropecuária. O Plano Safra talvez possa corrigir para que amanhã não haja risco até de abastecimento de nossa sociedade”, disse.

Expectativa para o Plano Safra

O anúncio geral dos organizadores refletiu as perdas sentidas por empresas como a Jumil, fabricante de tecnologias voltadas para setores como produção de grãos e pecuária que participa da feira desde sua primeira edição. A firma estima que os negócios deste ano devem ser até 30% inferiores aos do ano passado.

Segundo o presidente do Conselho de Administração Rubens Dias de Morais, além do aumento dos juros e das incertezas políticas e econômicas, pesaram questões climáticas. “Muitas regiões do país fazem a segunda safra de milho e as perspectivas de chuva foram conflitantes, atrasaram o plantio. Nenhum avião cai por um fator só. A agricultura está nesse espaço de espera, tudo isso provoca incerteza. São impactos isolados que conjuntamente provocam uma paralisia”, afirmou.

Entretanto, ele acredita que o anúncio do Plano Safra estabilize o mercado e ajude a recuperar os prejuízos com a feira em Ribeirão. “Estimamos que as perdas daqui sejam compensadas até o fim do ano. Assim a safra de milho se ajusta, os juros se estabelecem.”

As dúvidas em torno disso e das taxas de juros que devem subir não devem preocupar o setor, na análise de Sérgio Rial, presidente do Conselho de Administração do Santander Brasil. “Temos um agronegócio bastante capitalizado, salvo setores como açúcar e álcool. (…) Não há estruturalmente um problema no agronegócio. Não é 1% ou 2% que muda. O que muda é que esse setor não pode ficar dependente do setor público”, afirmou.

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Reportagem: http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/agrishow/2015/noticia/2015/05/agrishow-registra-queda-historica-de-30-no-volume-de-negocios.html
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