Nova metodologia evita desperdício na colheita de soja

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Um copo medidor e uma armação de dois metros quadrados podem evitar prejuízos para os produtores de soja. A tecnologia é capaz de estimar a quantidade de grãos que a colheitadeira não recolhe, cai no solo e acaba sendo desperdiçada. De acordo com padrões internacionais, a tolerância de perdas é de até uma saca (60kg) por hectare, acima disso é considerado desperdício. No entanto, no Brasil há estimativas de perdas de duas ou mais sacas por hectare, em média, o que poderia ser facilmente evitado adotando-se práticas de aferição na colheita.
Desenvolvida pela Embrapa Soja (PR) durante a década de 1980, a metodologia foi adaptada às máquinas e às técnicas de cultivo atuais e é capaz de reduzir perdas e assim aumentar a eficiência da colheita. O pesquisador da Embrapa José Miguel Silveira informa que o sistema de medição pode ser confeccionado com ripas de madeira ou canos de PVC e barbante. “Após a passagem da colhedora, a armação deve ser colocada transversalmente às linhas de semeadura”, explica Silveira. “Os grãos que estão soltos sobre o solo e dentro das vagens na área de armação são depositados no copo medidor e o nível de perdas é determinado diretamente numa escala graduada, em sacos por hectare”, diz.

Kit contra o desperdício
O kit básico de monitoramento de perdas na colheita de soja (copo e armação) é acompanhado de um manual orientador. O documento destaca os índices e os valores relacionados a cada um dos sistemas que compõem a colheitadeira – corte e alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte, armazenamento e descarga, finalizando com as recomendações técnicas sobre os problemas, as causas e as possíveis soluções observadas na operação de colheita da soja.

“Em geral, maior cuidado deve ser dado ao sistema de corte e alimentação, composto de barra de corte, molinete, condutor helicoidal (caracol) e esteira alimentadora”, recomenda o pesquisador. “Ajustes como a posição e a rotação do molinete devem ser observados, mesmo havendo hoje o auto-ajuste que sincroniza a rotação do molinete com a velocidade de avanço do equipamento colhedor”, frisa.

De acordo com Silveira, no processo de colheita, a velocidade de deslocamento da colheitadeira influencia diretamente nas perdas. A Embrapa recomenda um intervalo de velocidade entre 4 e 6,5 km por hora para que o sistema de corte da plataforma de alimentação trabalhe com máxima eficiência e contribua para minimizar as perdas de grãos.

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Capacitação do operador
Silveira explica que outro fator importante de controle de perdas na colheita de soja é a capacitação do operador da colheitadeira. “O profissional deve conhecer a planta que está sendo colhida e saber que ela apresenta um processo natural de deiscência (abertura) das vagens. Além disso, o corte e a condução da planta para o sistema de trilha devem ser feitos com conhecimento e técnica”, afirma. Para ele, essas medidas evitam impactos desnecessários na planta de soja e no grão, que se parte facilmente, prejudicando a qualidade da safra.

As perdas brasileiras
De acordo com os levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de soja deve saltar de 96,2 para 102,1 milhões de toneladas, na safra 2015/2016. Apesar de não haver uma estimativa sobre as perdas durante a colheita de soja no Brasil, há relatos de lavouras de soja que perdem, em média, duas sacas por hectare, enquanto que o índice tolerável de perdas é de até uma saca (60 quilos) por hectare.

No Estado do Paraná, há produtores que desperdiçam pouco, como o agricultor Geovane Pelisson, de Ibiporã, (PR) que perdeu apenas 0,2 saca (12kg) por hectare, na safra 2014/2015. Pelisson foi o vencedor do Concurso de Perdas na Colheita de Ibiporã, no norte do Paraná, promovido pelo Instituto Emater. O instituto realiza concursos e faz diagnósticos de perdas na colheita de soja em municípios paranaenses. Na safra 2014/2015, 434 operadores de colhedoras foram avaliados em campanhas estaduais para reduzir as perdas na colheita de soja.

Quando o produtor perde mais que uma saca por hectare está ocorrendo desperdício. Entre as medidas corretivas que devem ser adotadas, a Embrapa recomenda regulagens na máquina e mudanças de comportamento do operador da colhedora. “A aferição das perdas na colheita de soja é fundamental, porque quem não sabe quanto perde não sabe quanto ganha”, diz Silveira.

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Reportagem: Lebna Landgraf / Embrapa Soja

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