Noroeste de Minas inova na criação de produtos e processos
Inovar envolve mais do que a criação de novos produtos. Em um mercado em constante transformação, a execução de tarefas de forma mais eficiente e a busca por novas formas de atuação profissional também podem ser consideradas formas de inovação. Neste contexto, universidades do Noroeste de Minas se destacam no desenvolvimento de novos métodos, tecnologias e processos, além de buscar meios para que alunos e pesquisadores levem suas ideias ao mercado.
A coordenadora do curso de engenharia civil do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam), engenheira civil Andrea de Freitas Avelar, explica que o modelo de entrada de alunos no mercado de trabalho está mudando. “Antes, o aluno se formava na expectativa de ser empregado por alguém ou de prestar um concurso público. Hoje, percebemos a necessidade de ensinarmos aos alunos a serem atores no mercado, que criem suas próprias empresas”, afirma.
Para a coordenadora, setores como a da construção civil na região de Patos de Minas demandam o desenvolvimento de novos processos de execução de projetos, que reduzam custos e tornem os negócios mais rentáveis. Andrea, que também é coordenadora da Regional Noroeste do Colégio de Instituições de Ensino (CIE), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-Minas), informa que a instituição investe no incentivo para a criação de startups pelos alunos. O Centro de Empreendedorismo e Aceleração de Negócios (OceanO) da Unipam desenvolve trabalhos específicos nas áreas de engenharia, administração de empresas e sistemas de informação. Segundo Andrea, o objetivo é incentivar e apoiar os alunos a dar o primeiro passo ao criar uma empresa com profissionais que dominem tanto o conhecimento técnico necessário quanto noções em gestão.
Com esta proposta, e levando em conta a vocação da região para a agropecuária, a Unipam realizou o 1º Hacklab Agrobusiness da América Latina. Cerca de 80 alunos participaram do evento, que consiste em uma maratona de negócios na busca por soluções para produtos ou serviços desde a produção até a venda ao consumidor final. Os vencedores apresentaram um dispositivo que, quando acoplado ao pivô central de um equipamento de irrigação de lavouras, mede a quantidade de água que cada parte do solo precisa. O projeto vencedor será apresentado no Collision, maior evento de startups do mundo, que acontece em Abril de 2016, em New Orleans, nos Estados Unidos.
Feicintec
Outro projeto desenvolvido atualmente é o do “biocreto”, que usa fibras de bambu na composição do produto em lugar de alguns componentes que agridem o meio ambiente. Pesquisadores da instituição também trabalham na criação de um tipo de concreto feito com nanotubos de carbono, resíduos de marmoraria, pavimento permeável de alta resistência, sensores para irrigação de estruturas de concreto, dentre outros. Os esforços têm sido recompensados. Na última edição da Feira de Ciências e Inovações Tecnológicas (Feicintec), realizada pelo Crea-Minas em 2015, dois trabalhos da Unipam foram selecionados. São eles “Estudo da utilização de asfalto fresado como agregado em concreto não estrutural”, e “Análise dos resíduos da construção civil e de demolição gerados nos bairros Enéas Ferreira Aguiar e São Lucas”, na cidade de Patrocínio.
Outro trabalho da região selecionado pela Feicintec – “Utilização do lodo das estações de tratamento de água na produção de cerâmica” – teve origem no Campus de Carmo do Paranaíba, da Universidade Federal de Viçosa. “A troca de experiências na feira nos permitiu ouvir e conhecer novas ideias, inclusive comentários que melhoraram nosso projeto. Integração de universidade, mercado e o Conselho é a inovação que o Crea propôs”, ressalta o coordenador do trabalho, professor e pesquisador Cassiano Rodrigues de Oliveira.
Ele detalha que este processo tem potencial de beneficiar toda a cadeia produtiva. “Utilizar lodo como matéria prima é algo que pode ser feito em grande escala. Os distribuidores de água potável, por exemplo, podem aplicar este plano no dia a dia. Além do aumento da vida útil dos rios e lagoas de onde o lodo é retirado, e da redução do assoreamento, os custos da matéria prima são menores para o produtor. O produto final também tem mais qualidade”, afirma Cassiano.
A universidade já registrou patente de um processo de inovação no reuso de água para a indústria de celulose. Também há projetos na reutilização de resíduos da construção civil para transformá-los em blocos de concreto e de um suporte para filtros de tratamento de águas contaminadas.
Reportagem: CREA-MG / Assessoria de Imprensa
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