Armas e fake news: Relembre 5 polêmicas de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais
O deputado federal Eduardo Bolsonaro assumiu a liderança do PSL na Câmara dos Deputados no último dia 21, em meio a uma guerra de listas entre duas alas da Casa, um embate com o então líder Delegado Waldir e uma crise interna no partido.
Mesmo antes da confusão para assumir o cargo, Eduardo Bolsonaro já colecionava uma série de polêmicas, desde uma sugestão para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) com “um cabo e um soldado” até o embate para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos- cargo que, segundo o parlamentar, poderia ser ocupado por conta de sua experiência. “Já fritei hambúrguer nos Estados Unidos”, afirmou durante entrevista em julho.
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Nas redes sociais não é diferente. Usuário assíduo do Twitter, o filho do presidente costuma fazer postagens sobre seus projetos e divulgar feitos do governo. No entanto, discussões com outros parlamentares e postagens que geram polêmica também são frequentes. Listamos cinco delas, relembre:
1) Vídeo que infringe o ECA
No início de junho, Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo em sua conta do Instagram em que uma criança canta uma música enquanto segura uma arma. “Esse vídeo provavelmente foi gravadas (sic) nos EUA ou Suíça, países altamente armados”, ironizou o deputado. “Ainda bem que estamos no Brasil e aqui além do desarmamento contamos com a proteção de nossos senadores!”, completou.
De acordo com a advogada e professora Luciana Garrett, a postagem, no entanto, infringe o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê que “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.
O vídeo divulgado pelo deputado não tem nenhum tipo de borrão no rosto da criança e permite sua identificação, o que viola o Estatuto. Ainda de acordo com Garrett, quem compartilhou o vídeo publicado por Eduardo também cometeu a mesma violação.
2) Arma no hospital
Após uma das cirurgias do pai, em setembro, Eduardo foi visitá-lo no hospital e publicou uma foto na qual exibe uma pistola na cintura. A publicação causou polêmica nas redes sociais. “Tudo bem com Jair Bolsonaro. Mais uma vez agradecemos a equipe médica que realizou a cirurgia e todos que oraram, rezaram ou de alguma maneira enviaram energias positivas. Deu certo”, afirmou ele na postagem.
3) Fake News com Greta
Também em setembro, o deputado compartilhou notícia falsa e uma montagem sobre a ativista ambiental Greta Thunberg , de 16 anos. Na publicação, Greta aparecia almoçando em um trem, com crianças africanas observando do lado de fora. Ao lado, uma notícia falsa sobre a ativista ser financiada pelo investidor George Soros.
“Vocês roubaram minha infância…” disse a garota financiada pela Open Society de George Soros. pic.twitter.com/5CzPDMd38O
— Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) September 26, 2019
A foto original foi publicada no próprio Instagram de Greta Thunberg e há apenas árvores ao fundo. Criticado por internautas por conta da imagem falsa, o filho do presidente respondeu: “E alguém não percebeu isso?”.
4) Sigla LGBT
No último dia 13, o parlamentar publicou uma foto com uma camiseta na qual ironiza a sigla LGBT e exalta a figura do presidente norte-americano Donald Trump. Na camiseta, a sigla que representa Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, é substituída por Liberdade, Armas, Bolsonaro e Trump.
“O conceito de LGBT foi atualizado com sucesso”, escreveu Eduardo na publicação. Único parlamentar declaradamente gay na Câmara dos Deputados, David Miranda (Psol-RJ) reagiu indignado ao post de Eduardo Bolsonaro no Twitter. “Não podemos admitir essa atitude de afronta e deboche aos LGBTIs, principalmente vindo de um parlamentar filho do presidente do país, que tem pretensões de ser representante do Brasil nos Estados Unidos”, disse Miranda.
5) Comunismo x nazismo
Em sua conta do Twitter, Eduardo comparou os ex-primeiros-ministros do Reino Unido, Neville Chamberlein e Winston Churchill. “O comunismo matou mais do que o nazismo, ambos sistemas nefastos. Hoje pessoas parecem ter esquecido nosso passado recente e querem dialogar com aqueles que estavam nos botando nos mesmo caminho da Venezuela. Vc prefere ser um isentão como Chamberlain ou um louco como Churchill?”, escreveu.
O comunismo matou mais do que o nazismo,ambos sistemas nefastos.
Hoje pessoas parecem ter esquecido nosso passado recente e querem dialogar com aqueles que estavam nos botando nos mesmo caminho da Venezuela.
Vc prefere ser um isentão como Chamberlain ou um louco como Churchill?
— Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) October 14, 2019
Segundo historiadores da Segunda Guerra Mundial, o regime nazista de Adolf Hitler foi responsável pela morte de aproximadamente 19 milhões de pessoas. A maioria das vítimas foram eslavos (12,5 milhões de mortos) e judeus (aproximadamente 6 milhões de mortos).
Em relação ao comunismo , faltam dados oficiais. Entretanto, segundo O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão , obra elaborada por professores, pesquisadores e universitários europeus, o regime comunista foi responsável por aproximadamente 94,4 milhões de mortes ao redor do mundo, sendo a maioria delas na China: 65 milhões.
Entretanto, segundo o historiador Marcos Guterman, a declaração de Eduardo, por mais polêmica que seja, é ” vazia de sentido ” e tem como finalidade alimentar as redes sociais e acabando criando um “campeonato” ideológico. “Não sei aonde ele quer chegar com isso. Que tipo de valor esse dado tem”, afirmou Guterman.
Para o historiador, a afirmação mostra a visão da história que o deputado possui e é um “discurso de confronto”, que reafirma que os políticos de direita existem “para combater esse mal chamado comunismo “.
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De acordo com Guterman, todos os ” regimes totalitários produzem mortes em larga escala” e o que difere os dois regimes citados é a forma como as mortes acontecem. Segundo o historiador, enquanto o comunismo era um regime que impunha sua força diante dos inimigos, o nazismo foi uma “experiência de controle industrial da morte” – por conta da maneira como as minorias foram exterminadas – e que, por isso, se tornou o “símbolo do mal”. Entretanto, apesar da discussão, Guterman conclui afirma que “pouco importa quem matou mais pessoas”.
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