Foto de transexual “crucificada” em Parada Gay, gera revolta em religiosos que prometem criar lei contra a “Cristofobia”
Depois da polêmica “crucificação” em um dos carros da Parada Gay de São Paulo, o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), apresentou um projeto de lei nesta segunda-feira (8) para transformar em crime hediondo a prática de ultraje a culto. Na justificativa do texto, o deputado chama de “Cristofobia” as manifestações de grupos LGBTs que se utilizam de símbolos religiosos.
Evangélico, Rosso quer aumentar a pena de “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo” para quatro a oito anos de prisão, além de multa. Atualmente, o Código Penal prevê um mês a um ano de detenção, além de multa. Se o crime for classificado como hediondo, o autor não poderá ser liberado mediante fiança.
“A intenção desse projeto de lei é proteger a crença e objetos de culto religiosos dos cidadãos brasileiros, pois o que vem ocorrendo nos últimos anos em manifestações, principalmente LGBTs, é o que podemos chamar de “Cristofobia”, com a prática de atos obscenos e degradantes que externam preconceito contra os católicos e evangélicos”, escreveu o deputado no projeto de lei.
Na Parada Gay de São Paulo, no domingo, a modelo transexual Viviany Beleboni desfilou seminua em uma cruz, em referência a Jesus Cristo. Uma placa acima de sua cabeça carregava a frase “basta de homofobia com GLBT”, o que gerou reação de religiosos.
“Alguns manifestantes que participam de ‘Paradas LGBTS” ou “Parada Gay” têm zombado e desrespeitado a fé dos cristãos, agindo reiteradamente de forma desrespeitosa contra os símbolos do cristianismo”, acrescentou o parlamentar.
Modelo utiliza rede social para explicar porque fez a manifestação:
A modelo que teve sua foto divulgada em todos os meios de comunicação nesta semana após ser crucificada na 19ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de São Paulo, utilizou sua rede social para explicar a manifestação.
Viviany usou o seu perfil no Facebook para agradecer manifestações de solidariedade e relatou ter sido ameaçada. “[O] negócio está ficando sério, recebendo ligações de morte, e agressões inúmeras”, escreveu. Pouco depois, ela compartilhou um vídeo no qual afirma que o seu objetivo era representar as dores de todas as travestis. “Somos crucificadas o ano todo”, declarou.
No alto da cruz usada no protesto, ela afixou uma placa com a mensagem “Basta de homofobia com GLBT”.
Em um texto publicado no fim da tarde do domingo, ainda durante a parada, a modelo escreveu que havia representado “todas as mortes e agressões que vêm acontecendo contra a classe GLBT”. Ela ainda reclamou que “os próprios gays do meio” que já presenciaram casos de agressões falaram mal do seu protesto.
“Eu fui e dei minha cara a tapa. Não me importo com o comentário de vocês, dessa classe GLBT desunida […] Beijo no ombro para quem não gostou. Nem Deus agradou a todos”, escreveu. Viviany contou ainda ter chorado durante o ato ao lembrar da morte de amigas.
A modelo escreveu ainda que “Jesus morreu por todos e foi humilhado, motivo de chacotas, agredido e morto, que é o que vem acontecendo diariamente com GLBTs, por não termos leis”.
Durante a Parada, participantes se lembram e manifestam:
Durante o evento, participantes exibiram faixas com críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é evangélico e defende causas conservadoras, ao deputado federal Marco Feliciano, que já se declarou contrário a união homoafetiva, e ao pastor Silas Malafaia, líder do ministério Vitória em Cristo, que recentemente “conclamou” a população evangélica a boicotar a marca de cosméticos O Boticário – que lançou uma campanha de dia dos namorados mostrando casais gays presenteando seus pares.
O Boticário, por sinal, também foi lembrado pelos participantes da Parada, em algumas faixas. Alguns grupos religiosos também participam do evento em apoio aos participantes e contra a homofobia.
Quando o desfile dos trios começou, o tempo estava nublado. Por volta das 13h, o sol reapareceu, para a alegria dos participantes.
Este ano, o tema da Parada é “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: Respeite-me”. O lema foi inspirado na personagem “Gabriela”, criada pelo escritor baiano Jorge Amado.
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Reportagem elaborada através dos seguintes links:
– http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/apos-parada-gay-cristofobia-pode-virar-crime-hediondo,097aa965efd970dd22880594de0572212vdqRCRD.html
– http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/06/08/transexual-crucificada-na-parada-gay-de-sp-diz-ter-sido-ameacada-de-morte.htm
– http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/06/07/parada-gay-de-sao-paulo-reune-cerca-de-20-mil-pessoas-diz-pm.htm
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Belas travestis.