Entrevista Exclusiva: Alysson Paolinelli fala sobre os desafios da Agricultura Tropical no Brasil
Durante o mês de Setembro, o Portal SG AGORA realizou várias reportagens especiais, com pessoas que fizeram parte do desenvolvimento de nossa cidade e região. O ex-Ministro da Agricultura e hoje Diretor da empresa Verde Fertilizantes, Sr. Alysson Paolinelli, cedeu gentilmente uma reportagem exclusiva à nossa equipe, que foi dividida em duas partes.
Na primeira parte, o ex-Ministro comentou sobre a importância de São Gotardo no crescimento e desenvolvimento do agronegócio mineiro. Agora, Paolinelli fala sobre sua nova missão como Diretor de uma empresa que desenvolve produtos agrotecnológicos ideias para a agricultura tropical.
Confiram como foi a segunda parte do bate-papo exclusivo com o ex-ministro da Agricultura e ícone no agronegócio brasileiro:
1. Explique a importância da Verde Fertilizantes no cenário de fertilizantes brasileiros.
Alysson Paolinelli: Ela vai ter uma importância muito grande, indiscutivelmente, porque ela não está trabalhando só com o elemento potássio. Ela está inovando também nos micronutrientes no cálcio, no magnésio e em tantos outros elementos. Sinceramente, eu acho que nós estamos mudando o conceito de fertilização do solo. Há duas formas de fazer a fertilização: a química, que é através do cloreto. Eu não sou contra, pode usar, sem dúvida. Mas tem a outra que ela tem um pouco de biológica, um pouco de mecânica e que o conceito é outro.
2. Um dos produtos desenvolvidos pela Verde Fertilizantes é o TK47, um fertilizante multifuncional e inovador. Em sua opinião, quais são os principais benefícios do TK47?
Alysson Paolinelli: Nós produtores estamos todos juntos com a Verde Fertilizantes, fazendo exatamente isso que você está me perguntando. Achando as grandes melhorias e necessidades que ela está cumprindo dentro do seu trabalho, no solo. Eu quero que todos conheçam os efeitos, no mundo, de um novo sistema de fertilização de solo que não vai trabalhar só com o potássio. Trabalha com outros elementos, como eu já disse, que oferece ao produtor a oportunidade de ter maiores rendimentos em suas atividades em solo tropical.
3. O senhor foi um dos ministros de Estado mais jovens que o Brasil já teve, aos 38 anos. Qual dica o senhor daria para os jovens que também buscam sucesso em suas vidas profissionais?
Alysson Paolinelli: Olha, eu tive oportunidade de participar das mesmas decisões e, chamo atenção, sem nunca ter brigado ou reivindicado. Eu sempre fui convocado, é que eu estava trabalhando certo, eu acho que isso que é o grande conselho ou grande virtude que nós temos que pedir à juventude brasileira: é se dedicar, trabalhar, estudar e procurar conhecer. Conhecimento é a forma mais viável de fazer progresso, o conhecimento é a base de tudo.
4. Qual o maior desafio o senhor enfrentou em sua carreira?
Alysson Paolinelli: Eu sempre vivi em um grande desafio. Eu tive a grande felicidade de contar, ao meu lado, com os produtores rurais. Existia um clima de confiança, de fé, de otimismo, que foi impressionante. Isso nos ajudou demais, porque se não tivesse havido esse entrosamento, essa parceria, as coisas teriam sido muito mais difíceis. Portanto, no meu momento difícil, os meus companheiros produtores me ajudaram muito a vencer as etapas que eu precisava vencer.
5. Há um ano e meio o senhor atua como Diretor da Verde Fertilizantes. Comente sobre sua atuação nos projetos da empresa.
Alysson Paolinelli: Eu ajudava eles, eu não sou diretor, a empresa é muito bem administrada, eu me acho mais um conselheiro. Estou entusiasmado com os resultados que ela começa a obter, eu acho que através desses resultados que nós vamos demonstrar que estamos ofertando novas soluções para o Brasil.
6. Os fertilizantes que existem hoje são mais adequados para cultivos em solos de clima temperado. Explique a importância de se desenvolver produtos específicos para a agricultura tropical.
Alysson Paolinelli: Olha, os fertilizantes que nós usamos hoje fizeram parte dos chamados pacotes tecnológicos que nas décadas 50, 60, 70 o Brasil importava. Nós importamos os fertilizantes, os defensivos, as máquinas, mas não conseguimos importar as sementes, porque as sementes eram biologicamente adaptadas em outros climas. Os biomas brasileiros são biomas tropicais. Eu, quando fui do governo, o Brasil só produzia 200 mil toneladas de soja. Hoje, se produz muito mais que isso. Por que existia isso? Porque a soja, que nasceu lá na China veio para os Estados Unidos e tomou um banho de evolução científica. Aí nós buscamos essa soja e, essa soja tinha um detalhezinho, ela precisava de 36 horas de sol por dia, então não tinha como. Só lá embaixo, na ponta do Brasil, lá naquele paralelo 30 que nós produzíamos soja. Provocamos, através dos nossos pesquisadores, cientistas, professores, evoluções muito rápidas, que deram solução a esse problema. Em menos de oito anos nós tínhamos sojas produzidas no Equador mais do que no corn belt americano. Isso dá uma demonstração de competência, capacidade de adaptação e capacidade de competição. Os fertilizantes nós ainda estamos muito na dependência daqueles que nós importamos, sempre do pacote tecnológico, como também os defensivos. As máquinas nós já estamos liderando, porque hoje já produzimos máquinas de grande porte para o Brasil. Mas, eu entendo que devemos fazer a mesma coisa que fizemos com a soja e com as máquinas, para fazer os fertilizantes. Adaptar melhor os fertilizantes para o Brasil. Lá [no exterior] a gente tem uma janela de plantio de 12 dias, se não plantar dentro de 12 dias eles já sabem que estão perdendo. Aqui nós temos são 12 meses. Nós nem produzimos uma safra e já estamos produzindo a segunda safra, e vamos produzir a terceira até a irrigação que vai garantir a primeira, “super” garantir a segunda, e garantir a terceira. Isso é uma coisa que só o clima tropical faz. Então, se nós somos capazes de adaptar a biotecnologia, os tratos culturais, a irrigação e outras coisas mais, nós precisamos aprender também a adaptar a recomposição química dos nossos sistemas bióticos. A minha posição é de que nós temos que inovar nisso também, em todas: no fósforo, no potássio, no hidrogênio, no carbono, nos microelementos, calcário, gesso, magnésio, etc… tudo isso nós temos que inovar.
7. As fontes tradicionais de potássio utilizadas hoje acarretam em quais problemas para o desenvolvimento da agricultura tropical?
Alysson Paolinelli: Não digo que sejam problemas. Nós estamos usando produtos químicos enquanto nós poderíamos usar apenas produtos moídos ou parcialmente fortificados através da energia elétrica. Eu estou acreditando, com os resultados que já estamos obtendo nas linhas de fertilizantes, que nós não oferecemos alternativas novas. Não queremos que o sujeito não use o cloreto de potássio, nós queremos saber se aquele que está usando o cloreto de potássio sabe que está usando um produto químico. Se ele usar o TK47 ele está usando um produto apenas modificado, que serve para a agricultura orgânica e vai adaptar muito bem ao solo brasileiro.
Reportagem: Portal SG AGORA – Fotos: Arquivo Pessoal / Verde Fertilizantes
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