Brasil já embarcou, até outubro, 50 mil toneladas de soja para China
O Brasil já embarcou cerca de 50 milhões de toneladas de soja para a China até outubro deste ano. A expectativa é de que os embarques continuem acontecendo, e em ritmo aquecido, já que a demanda da nação asiática não mostra sinais de desaquecimento. Os números são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Estimativas ‘extra-oficiais’, como da estatal Cofco – uma das maiores compradoras de grãos do mundo – indicam as importações chinesas ultrapassando as 100 milhões de toneladas. O Ministério da Agricultura da China fala em 95,97 milhões de toneladas e o USDA (Departamento de Agricultura do EUA) em 97 milhões. De 2008 a 2016, a China aumentou suas importações de soja em 6,2 milhões de toneladas por ano.
Segundo o gerente geral da Cofco, Yanchuan Li, essa demanda intensa se dá pela força do consumo no setor do farelo de soja, que traz “altas e fortes taxas de crescimento”. Ainda de acordo com o USDA, o processamento de soja chinês deve crescer 8% este ano.
Essa movimentação, como explica o presidente da Abiove, Fábio Trigueirinho, em entrevista ao Notícias Agrícolas, alivia, mesmo que parcialmente, o cenário do carry over brasileiro da oleaginosa, que deveria ser mais alto, caso nossas exportações não se comportassem da maneira como se comportaram. “Devemos fechar o ano com mais uma surpresa positiva”, diz.
Ainda segundo Trigueirinho, os embarques brasileiros de soja não dão sinais de menor volume nos próximos meses – o que é um movimento atípico para este período do ano -, marcando ainda mais a força da demanda, que está, de fato, ‘de olho’ na soja do Brasil. “E temos soja para entregar”.
Safra 2017/18
A avaliação da Abiove da safra 2017/18 do Brasil, até este momento, é positiva, com as lavouras se desenvolvendo bem em quase todas as áreas produtoras do país. “Tivemos um atraso, mas nada que prejudique muito. Acredito que possa prejudicar mais o milho safrinha esse atraso”, explica o presidente da associação. “Claro que não teremos a produtividade de 2016 – porque o ano passado foi um ponto fora da curva, mas são condições boas (sobre a soja)”, completa.
Assim, Trigueirinho acredita ainda que este deva ser um momento de preços estáveis, com o mercando se reequilibrando e buscando manter os US$ 10,00 por bushel na Bolsa de Chicago.
Meio Ambiente e Soja Plus
Sobre a proposta de desmatamento zero no Cerrado, Fábio Trigueirinho é enfático ao dizer que a Abiove não apoia tal medida e lembra que há outras ferramentas que podem ser utilizadas para mudar a situação.
“Nossa posição é mantida desde o início. O Brasil, nos últmios anos desenvolveu muito a parte da sustentabilidade, o sistema de governança pública melhorou muito, as ações do setor privado estão em pleno curso, está tudo sob controle, não é mais uma situação de descontrole. De 2000 a 2015, houve uma redução de 70% na conversao de vegetação nativa do Cerrado para outros usos. O Brasil está fazendo sua lição de casa, tem seus compromissos com da COP de redução de 37% de desmatamento e vai conseguir cumprir. Mas, tem que usar outas ferramentas, como o próprio Código Florestal, o CAR – que impressionou muito os europeus – e, claro, a colaboração dos produtores”, diz.
Trigueirinho diz ainda que o Brasil está pulando para um estágio mais avançado, trabalhando ainda mais com monitoramento ambiental e conta, inclusive, com desafios ainda muito grandes. Mas, reafirma, que há de se defender o desmatamento ilegal zero, e não nas áreas de Cerrado.
“Temos muitas soluções na mesa, muito melhores do que fazer uma intervenção maior e propor uma moratória do Cerrado”, conclui.
Reportagem Original: João Batista Olivi e Carla Mendes/Notícias Agrícolas / Foto Capa: Reprodução/Google Imagens
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