Cientistas desenvolvem método para criar embriões sem óvulo
Quando um espermatozoide encontra um óvulo, ocorre o início de uma “célula-ovo”, ou zigoto, a primeira célula de uma nova vida, certo? Pela primeira vez, os cientistas conseguiram um zigoto sem essa combinação. Segundo uma nova pesquisa, embriões de ratos podem ser gerados a partir da fecundação em uma célula embrionária, uma descoberta que desafia dois séculos de conhecimento.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, embriões podem ser criados a partir de células que carregam todos os cromossomos (não metade, como é o caso dos óvulos), o que significa, em teoria, que qualquer célula do corpo humano poderia ser fertilizada por um espermatozoide. Essa é a ideia que ainda precisa ser testada.
Até o momento, os cientistas pensavam que o espermatozoide de mamíferos só poderia se transformar em uma célula madura capaz de se dividir e trabalhar para formar um novo organismo se estivesse dentro de um óvulo. Mas, de acordo com a pesquisa, outras células também podem “reprogramar” um espermatozoide, resultando no nascimento de um novo mamífero.
Como foi o estudo
Pesquisadores do Departamento de Biologia e Bioquímica da Universidade de Bath (Inglaterra), utilizaram produtos químicos para desenvolver óvulos em embriões de camundongos sem fertilização, processo conhecido como partenogênese, fenômeno comum em animais invertebrados, mas pouco frequente nos vertebrados.
Os cientistas já haviam conseguido “enganar” os óvulos dos mamíferos para desenvolver embriões sem fertilização, mas eles morriam após alguns dias pela falta de processos fundamentais de desenvolvimento que exigem a entrada de espermatozoides. Então veio a ideia: colocar o espermatozoide nesse embrião. Primeiro, eles pegaram uma célula do embrião com metade dos cromossomos, como são os óvulos e espermatozoides.
Os pesquisadores, então, desenvolveram um método para injetar espermatozoides nessas células, produzindo filhotes saudáveis, com uma taxa de sucesso de cerca de 24%.
É a primeira vez que o desenvolvimento ocorre por meio de uma injeção de esperma em células de embriões.
Pensava-se que só um óvulo era capaz de dar lugar à reprogramação do esperma que permite o desenvolvimento embrionário
Tony Perry, embriologista molecular e um dos autores do estudo
Isso quer dizer que, se a injeção de esperma em uma célula de mamífero pode produzir prole, em teoria, seria possível conseguir o mesmo resultado utilizando células mitóticas (formadas a partir da divisão celular) não derivadas de óvulos. É o próximo passo da pesquisa.
Segundo os cientistas, os embriões poderiam ser feitos com células da pele em vez de óvulos, o que tornaria possível não apenas reproduzir animais ameaçados de extinção, mas abriria a possibilidades para o tratamento de infertilidade.
No entanto, a sobrevivência dos embriões é considerada baixa e o estudo foi realizado em camundongos, não há nenhuma evidência de que isso iria funcionar em embriões humanos.
Os pesquisadores ainda não sabem como o genoma do esperma foi reprogramado, mas resultados preliminares sugerem um caminho diferente do que o que ocorre durante a fertilização convencional.
Reportagem Original: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/09/14/descobriram-um-novo-sabor—e-ele-explica-porque-amamos-carboidratos.htm
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