A oferta de bois deve ser mais ampla em 2016, o que pode sustentar as margens do setor no período. Além disso, a demanda externa, com o avanço das exportações, também deve colaborar para o desempenho positivo do segmento este ano, conforme perspectiva do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), divulgada terça-feira (12).

A análise mostra, ainda, que, apesar da crise no Brasil, a perspectiva é que o consumo doméstico de carne bovina se mantenha em relativo equilíbrio com 2015. “Com a renda menor, a demanda por proteínas mais baratas que a bovina pode aumentar, mas situações passadas e estudos econômicos evidenciam a versatilidade da própria carne bovina para se manter presente nas refeições”, comentam os pesquisadores do Cepea.

Sobre as vendas externas de carne bovina, a avaliação é que a abertura de novos mercados e o avanço econômico de importadores devem favorecer a receita do setor no Brasil. Em contrapartida, dificuldades enfrentadas por compradores tradicionais, como Rússia e Venezuela, por causa dos baixos preços do petróleo, podem restringir os volumes embarcados pelo Brasil.

O Cepea alerta, ainda, sobre o aumento da competitividade com a Argentina, com as novas políticas agropecuárias adotadas no país. “No entanto, caso as exportações argentinas avancem muito bem, pode também ser aberto espaço mesmo para vendas da carne brasileira naquele país.”

Avicultura:

Impulsionado pelas demandas externa e interna, o setor de aves é o que mais deve se destacar na pecuária brasileira em 2016, afirma análise do Cepea/Esalq/USP.

A perspectiva é que a demanda doméstica avance neste ano, sustentada pela alta do preço da carne bovina e pelo recuo do poder aquisitivo da população que deve migrar para proteínas mais baratas. O Brasil deve ainda manter sua posição como principal exportador internacional, com a desvalorização do real ante o dólar. Entre os principais concorrentes, é esperado um aumento considerável de oferta pelos Estados Unidos, recuperados dos problemas com influenza aviária.

Em contrapartida, os custos, considerados elevados para o produtor brasileiro, continuam como um desafio. Enquanto para a indústria o principal peso vem da alta das cotações do grãos no Brasil, para o avicultor integrado pesa principalmente gastos com energia elétrica e mão de obra.

Suínos:

A oferta de suínos deve iniciar 2016 relativamente alta, mas a demanda doméstica pode não reagir na mesma intensidade, afirma o Cepea. Neste cenário, a exportação deve ser, mais uma vez, a válvula de escape para o setor encontrar bons resultados no ano.

No mercado doméstico, o Cepea não vê perspectiva de recuperação da demanda no curto prazo. Segundo os pesquisadores, do total de carne suína comercializada no País, predominam produtos industrializados, mais suscetíveis às restrições de renda da população. A expansão do rebanho deve elevar a oferta. Conforme agentes do setor, a percepção é que em 2015 o abate de matrizes não teria sido elevado, reforçando a perspectiva de maior oferta.

Reportagem: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/01/cepea-ampla-oferta-de-bois-e-alta-da-exportacao-devem-favorecer-setor.html