Dormir demais é mais prejudicial à saúde do que dormir a menos, dizem estudos
Gregg Jacobs, especialista do Centro de Transtornos do Sono da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, afirma que estudos dos últimos dez anos indicam que este não é o tempo ideal de sono para se manter saudável.
“Houve cerca de 34 pesquisas – estudos epidemiológicos que acompanham as pessoas durante um tempo, envolvendo mais de dois milhões de pessoas, e que mostram de forma consistente que há uma relação entre duração do sono e mortalidade”, afirma.
Segundo Jacobs, o nível mais baixo de mortalidade corresponde a sete horas de sono.
“Então, quando você dorme menos do que sete horas ou mais do que sete, há um aumento gradual no risco de mortalidade, com pessoas que dormem mais mostrando um aumento maior no risco do que as pessoas que dormem menos”, conclui o cientista.
Para Jacobs, sete horas de sono é a quantidade perfeita. Menos do que isso significa que a pessoa tem mais chances de morrer mais cedo e mais do que isso significa que as chances de morrer mais cedo são ainda maiores.
De seis a oito?
No entanto, outro especialista em sono, Frank Cappuccio, professor de medicina cardiovascular e epidemiologia na Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, afirma que, quando se fala em sono, deveríamos pensar em um tempo que varia entre seis e oito horas como o ideal. E que medir o sono com precisão pode ser problemático.
“Nossa tendência é contar com métodos muito simples, como perguntar às pessoas quantas horas elas dormem por noite, em média”, explica.
Mas, segundo Cappuccio, as pessoas não relatam com exatidão quanto tempo elas dormem.
Contar com o depoimento das pessoas transforma os estudos do sono em uma ciência inexata pois, aparentemente, temos uma tendência a superestimar nosso tempo de sono.
Mesmo com tanta falta de precisão, Cappuccio diz que, se uma pessoa acredita que dorme entre seis e oito horas por noite, não há com o que se preocupar.
Falta e excesso
Uma pessoa que dorme mais ou menos do que um período entre seis e oito horas por noite aparentemente apresenta mais risco de desenvolver problemas como pressão alta, diabetes e complicações cardiovasculares.
“Se você dorme mais do que oito horas ou menos do que seis, você tem um grande aumento do que estimamos ser o risco de desenvolver estes problemas ou morrer mais cedo”, ressalta Cappuccio.
Uma análise de voluntários que participaram de um estudo sobre o sono descobriu um aumento de 12% de mortes entre os que dormiram menos, comparado com os que dormiam entre seis e oito horas.
E, quando os pesquisadores analisaram os que dormiam mais do que isto, descobriram um aumento de 30% das mortes em comparação com as pessoas que dormiam entre seis e oito horas.
Sete horas
Apesar das provas de que as pessoas não são testemunhas confiáveis do próprio sono, Gregg Jacobs afirma que é possível ter uma ideia de qual o tempo de sono ideal.
“Toda primavera nos Estados Unidos a Fundação Nacional do Sono pesquisa entre milhares de adultos em uma amostragem científica aleatória e eles descobrem coisas interessantes: que o adulto típico de hoje relata sete horas de sono e que, na verdade, parece ser esta a duração média do sono na população adulta mundial”, afirma.
Para Jacobs, talvez as sete horas de sono sejam algo mais natural para o cérebro.
O cientista afirma que as pesquisas indicam que a maioria dos adultos ainda diz que se sente descansado e com energia depois deste tempo de sono e apenas 5% afirmam que se sentem sonolentos diariamente.
“Há algo a respeito das sete horas de sono que parece ser o número ideal em termos do que as pessoas conseguem (dormir) naturalmente e o que observamos em termos de saúde ideal, em termos dos níveis de mortalidade mais baixos. Então, a resposta de sete horas de sono aparece muitas vezes”, diz.
Reportagem: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150225_gch_sono_oito_horas_fn?ocid=socialflow_facebook
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